Temos aí em cima as marcas das 4 finalistas na disputa pela sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Aproveitando a visita recente dos membros do COI, acho oportuno falar da identidade visual brasileira para o evento e propor a eleição da melhor marca. É óbvio que elas não decidem a parada, mas nem por isso são menos importantes, afinal é a primeira impressão, é o primeiro sinal, e como diz a máxima mais surrada (e enganosa?) da publicidade, "a primeira impressão é a que fica".
Vamos lá: gosto do desenho. O Pão de Açúcar (sempre ele - incomparável!) projetado na enseada de Botafogo. Em pé, o recorte amarelo de um céu ensolarado; deitado, o azul do mar. Por fim, a figura tem a forma de um coração inclinado, o que é coerente com o conceito: "Viva sua paixão".
Agora, os poréns. Não é a minha favorita. Sinto uma tremenda falta do vermelho na figura. Principalmente se estamos falando de 'paixão'. E isto não é lugar-comum: paixão é vermelho e tranquilidade é azul assim como 1 + 1 é 2. É quase um dogma. Além disso, é Olimpíadas, e os anéis olímpicos não são cinco por acaso, nem coloridos por mera questão estética. Cada anel tem uma cor para que se possa dizer que cada um representa um continente. Portanto, em uma análise mais radical, subtrair uma das cinco cores da logo (azul, vermelho, preto, verde ou amarelo) é ignorar a presença do respectivo continente. Por outro lado, também concordo com quem diz: "Mas onde vai botar o vermelho e o preto nesta logo?". De fato, difícil resolver. A solução seria fazer uma outra logo.
Com relação ao uso das cores, Madri e Tóquio levam vantagem. A "mão" de Madri explora as cores ao máximo, fazendo jus ao 'exagero' latino; enquanto os japoneses são mais discretos. Vale notar que a "mão" é, na realidade, um "M" estilizado, inicial do nome da cidade. A fonte escolhida pelos designers espanhóis é coerente com a marca. A logo de Tóquio me agrada muito: a mensagem é simples, o desenho é claro e a tipologia moderna, tem a cara da capital japonesa. Chicago usa degradê, coisa de que não gosto, mas me agrada o tipo.
Enrolei, enrolei e não dei meu voto. Estou entre Madri e Tóquio. Sobre as chances do Rio, me parece que depois da visita do COI elas aumentaram. A passagem dos membros do Comitê ocorreu em uma época muito oportuna: no outono, quando geralmente os dias são de céu limpo e clima agradável. E nós sabemos que debaixo de um céu azul como o de hoje, nossa vila é imbatível. Agora que a natureza deu sua contribuição à candidatura brasileira, é hora de fazermos o resto - e põe resto nisso.