Impressão interativa

O bom de assinar revistas especializadas em marketing e publicidade é ver os anunciantes "liberando geral" na hora de divulgar suas marcas. Toda a criatividade e ousadia geralmente castradas em outras publicações, são postas para fora, sem medo de errar na mão. Neste tipo de revista, é quase impossível pular as páginas de anúncio.

Vejam este da International Paper, na revista Meio&Mensagem (suplemento especial "Indústria Gráfica", de 15/09). A idéia é divulgar a marca Chambril, o papel offset da empresa. A agência responsável, Portal, uniu interatividade, estímulo sensorial e uma pitada de bom-humor: a peça é, literalmente, como se costuma dizer, "cheia de sacanagem". 

A textura dessas duas primeiras peças é sensacional. É papel com cara de tecido ou tecido com cara de papel?

Reparem nas abas abertas: à esquerda, a gramatura do papel; à direita, o tipo de acabamento.

No verso da camiseta, o valor de gramatura: 63g/m2.

Vá lá, pode ser um pouquinho machista, mas não tem quem não abra as peças de roupa. Cada uma é feita com um tipo de papel e recebem diferentes acabamentos, especificados no verso. O grande barato é perceber como a textura do papel se assemelha com a do casaco, com a da jaqueta jeans (verniz texturizado) e assim sucessivamente, até chegar ao top, quando tudo se explica (ou, para alguns, tudo se frustra):

Imprima Versatilidade. Imprima com Chambril. / Use Chambril e imprima toda a sua criatividade sem pudores, com muitas possibilidades de acabamento e as mais variadas gramaturas (...). Só Chambril tem desempenho superior, resistência e uniformidade ideais para você criar com mais entusiasmo.

Boas idéias merecem um post.

Os Vintões

Rodrigo Saint'Clair Costa Fraga nasceu em 23 de junho de 1985, mora no Rio de Janeiro e estuda engenharia mecânica na UFRJ. Em uma conversa direta e reta com nosso blog, Rodrigo expôs suas preferências e opiniões sobre temas variados, dando o ponta pé inicial nesta seção.

Todas as informações expostas neste espaço, bem como a imagem usada no cabeçalho do post, foram autorizadas pelo entrevistado (que, inclusive, teve o direito de escolher a foto =p)

(Pepê.) Um filme_ (Rodrigo) O Terminal Um comercial de TV ou outro trabalho publicitário que você tenha achado "du baralho"_ "Use condoms" (assista o filme abaixo). Um personagem_ O cara de "Como se fosse a primeira vez" ("Henry Roth" é o nome do personagem, interpretado por Adam Sandler). Música ou Grupo Musical_ "Because you loved me" Te lembra..._ Muitas coisas bonitas. O lugar mais importante do corpo oposto_ O coração... e o que vem na frente. (rs) Uma coisa irritante_ Faltar com a palavra. Uma mania_ Fazer o bem sem olhar a quem... e me ferro muitas vezes. Um lugar para conhecer_ Ilha de Maui, no Havaí. Barzinho, boate ou cineminha?_ Barzinho, boate e cineminha O livro_ Não sou muito de ler... vai "Código DaVinci". Leu "Dom Casmurro"?_ Li! Capitu traiu Bentinho?_ Ah, traiu! Uma marca para os amigos_ Honda, HP, Sony... E uma para os inimigos_ Não sei, diz uma aí. Já levou uma mão boba?_ Sim. Em que parte?_ No traseiro. Já passou uma mão boba?_ Sim. Em que parte?_ No traseiro também. O que falta para o Brasil tomar jeito?_ Educação e combate ao crime. EUA ou China?_ EUA. Legalizar as drogas?_ Sim, as leves. E o aborto?_ Aí entra a questão da religião... mas sou a favor devido aos fatores sócio-econômicos. Pena de morte?_ Sim, para ontem. Uma pessoa admirável_ Fernanda (melhor amiga). Um completo idiota_ Muitos, não vou falar nomes conhecidos. Com quantos anos você vai morrer?_ 96 Um slogan_ O melhor plano de saúde é viver.

  

Um de seus comerciais favoritos é assinado pela fabricante de camisinhas belga Zazoo. Assistam!

Jukebox: Twentysomething

Em homenagem aos vintões que, a partir de amanhã, começam a expor suas preferências neste blog, a nossa Jukebox traz um vídeo desenvolvido por Nigel Sielegar em seu curso de tipografia na School of Visual Arts MFA, sobre a música Twentysomething, de Jamie Cullum. O trabalho rendeu a Sielegar o certificado de excelência em tipografia, concedido pelo Type Director's Club.

Sobre Jamie Cullum, sou fã. Cantor, compositor e instrumentista, ele faz parte da nova geração do jazz-pop britânico. Suas letras são sempre inteligentes e têm muito do universo jovem. Entre as minhas preferidas estão (além de Twentysomething) Get Your Way, My Yard e, é lógico, Mind Trick.

Nota: em Twentysomething, música e letra se combinam perfeitamente. No trecho que começa em "Maybe I'll just fall in love...", reparem que a melodia (desculpem-me os músicos, uso a nomenclatura dos leigos) muda radicalmente, passa para uma levada mais romântica, pois é quando ele especula se seria o "Amor" capaz de resolver todas suas dúvidas e angústias, típicas da idade. Se percebe aí uma certa ironia, carregada tanto pela nova levada quanto pela letra, ao falar em filósofos (Philosophers), para quem logo de cara já jogou Shakespeare para escanteio. O trecho termina com a conclusão: "There surely must be more", estendendo a última palavra ("more") por alguns segundos até sumir por trás dos instrumentos que voltam à batida original. Assim, ele valoriza a sua convicção de que as respostas não estão no "amor". (Viu como qualquer um pode se passar por crítico musical =p)

Desde os 8 anos, Jamie Cullum respira música. Boa parte de sua formação musical aconteceu em Paris, quando se apresentava em clubes de jazz. Aos 19 anos, gravou seu primeiro disco, Jamie Cullum Trio - Heard It All Before. Twentysomething foi lançada em 2004, como faixa-título de seu terceiro álbum (Adaptado do encarte do CD GNT New Jazz).

Storyboard: Father and daughter

Filme_Father and Daughter

Ano_2000

Diretor_Michael Dudok de Wit

Vencedor do Oscar de Melhor Animação em 2001, Father and Daughter é um co-produção Reino Unido, Bélgica e Holanda. A história se passa na Holanda, terra natal do diretor e roteirista do curta, de Wit. O mais interessante é a emoção que se consegue transmitir apenas com as silhuetas das personagens, sem se usar de detalhes do rosto. O desenho é em lápis e carvão, colorido digitalmente.

Brasil, o país do salto.

Olha que cena curiosa eu presenciei hoje, voltando da academia. Três garotos se reuniram no play do prédio e decidiram brincar. Embora um deles vestisse a camisa do Botafogo, não havia bola de futebol, nem de basquete, nem ninguém contando até cem contra a parede. Os moleques aproveitaram o piso da calçada, alguns sapatos e chinelos para brincar de salto em distância. É isso mesmo. Reparem na foto.

Uma das crianças assume a posição do saltador, vem correndo de uma certa distância para pegar impulso e salta. A outra faz as vezes do árbitro com as bandeiras, que assinala se o "atleta" queimou o salto (bandeira vermelha) ou não (bandeira branca). Vejam vocês que a bandeira branca é a meia de um dos garotos, e a vermelha é uma espécie de flor desta cor a qual eles arrancaram de um dos arbustos próximos à "pista". O terceiro menino fica atento para marcar (com um chinelo ou um tênis) o exato ponto em que o saltador aterrissou. 

A caixa de areia (não sei se é assim que os experts a chamam) é esta área com as pedras marrons. E para não queimar o salto, o "atleta" deve pular ao atingir o granito. Na foto, o botafoguense é o juiz das bandeiras e o garoto atrás do poste é aquele que marca a distância do salto. Só não consegui enquadrar o saltador.

Maureen Maggi anda fazendo escola.

Futebol e Marketing: Coca é Tri.

Coca-Cola: a dona da bola

A briga pelo título do Campeonato Brasileiro 2008 continua duríssima! Quem será que leva o caneco este ano?

Entre os favoritos estão a Fiat, que busca o bicampeonato, a construtora Tenda e a Liquigás. Além, é claro, do líder isolado do torneio: o Banrisul. Certamente você nunca ouviu falar destes times, porém eles estão lá: entram em campo em todas as rodadas e contribuem para elevar o nível técnico do maior campeonato do país. Eles não marcam gols, mas injetam recursos em nossos clubes para que estes, quando bem administrados, montem elencos competitivos e mantenham os pagamentos em dia. Eles são os patrocinadores.

Este blog fez um levantamento sobre os times que já levantaram a taça desde a 1ª edição do Campeonato Brasileiro, em 1971, a fim de pesquisar qual foi a marca que mais vezes apareceu no pôster do campeão, ao longo destes 37 anos de competição. E concluiu que ninguém tem mais títulos que a Coca-Cola: Tricampeã Brasileira. O primeiro veio em 1988, com o Bahia. No ano seguinte, o bi, com o Vasco de Sorato. O tri chegou em 1991, com o São Paulo.

Até 1983, os uniformes não levavam marcas de patrocinadores (provavelmente porque não havia o patrocínio de clubes à época, informação não-confirmada). O primeiro campeão, neste caso, foi o já extinto Banco Nacional, que ganhou o título de 1984 com o Fluminense.

Atrás da Coca-cola, que já há algum tempo deixou de patrocinar times de futebol, vem uma turma boa, todos com 2 títulos nacionais: Bombril (2002 e 2004, com o Santos), Petrobras (1987 e 1992, com o Flamengo), Parmalat (1993 e 1994, com o Palmeiras) e a atual bicampeã, a LG (2006 e 2007, com o São Paulo). Esta última com chances de igualar o recorde da Coca, se o tricolor paulista levar a taça este ano.

Nesta festa de times e marcas, talvez o caso mais esdrúxulo tenha sido o de 2000, quando o Vasco foi campeão estampando no jogo final a logo do SBT, empresa de comunicação do Grupo Silvio Santos, tudo por causa de uma eterna rixa entre o ex-presidente do clube, Eurico Miranda, e a Rede Globo, que transmitiu a partida.

 

Vasco e Coca-cola, bicampeões brasileiros em 1989.

A cara do negócio

Dizem que a propaganda é a alma do negócio. Porém, antes de ser a alma ou qualquer outra coisa, ela é a cara do negócio. Me refiro exatamente àquela idéia da primeira impressão é a que fica. Muitas vezes a primeira impressão não é tão definitiva, mas é sempre relevante. E se o anunciante for "mal-encarado", "sujo" ou "desleixado", corre grande risco de não ter com quem conversar, ainda que a história que tenha para contar ou a experiência que tenha a oferecer sejam extraordinárias.

Esta semana apareceu na caixinha de correio este panfleto, de uma clínica odontológica na Barra da Tijuca.

Se algum de vocês possui parente ou amigo dentista da Maxident, por favor, repasse a advertência: o que eles estão fazendo é a anti-publicidade. Reparem nos erros do texto, do menos doloroso ao que equivale a uma "obturação sem anestesia":

1. Abaixo do endereço, entre parênteses: Em cima da conseciocária Chevrolet

Isto é o que chamo de fuzilamento da língua portuguesa. Ok, todos entenderam CONCESSIONÁRIA, mas isto não justifica tamanho descuido. "É ignorância, mesmo", diriam alguns. Depois do Google, toda e qualquer ignorância virou desleixo e preguiça.

2. Quinto bullet, entre parênteses: Clareamento (c/ moldeira à laser)

As pessoas são taradas por crase. Colocam-na em tudo quanto é lugar. Até nos casos mais evidentes de não-crase: antes de palavra masculina. "Laser" é masculino. E se estiver em dúvida, opte sempre por não acentuar.

3. Última linha, entre parênteses: ...ao lado da Pizza Hort

Podem descordar, mas para mim este é o mais doloroso. Se ele ainda tivesse escrito Pizza Hot, vá lá. Mas Hort é um belo chute naquele lugar. Porque se as duas primeiras foram fruto de "ignorância", esta terceira é prova de desleixo total.

Provavelmente - não tenho certeza -, este panfleto foi feito por um funcionário de bureau, o que não exime a empresa odontológica de culpa. Quem aprovou a peça deveria ter notado as falhas antes de mandar imprimir. Sinceramente, você levaria os seus dentes a um lugar destes?

Por fim, juro que não é implicância, mas Maxident soa muito parecido com "accident" (acidente, em inglês). E neste caso não adianta falar que a culpa é do bureau.

Expresso: Camisinha

Indiscreto

Em um sinal da Av. das Américas, Rio de Janeiro, o caminhoneiro expõe suas preferências botânicas.

Frase: Adoro rosas mas prefiro as trepadeiras.

Mande a sua foto indiscreta! E-mail: pepelopes@uol.com.br

Storyboard: For the birds

Filme_For the Birds

Ano_2000

Diretor_Ralph Eggleston

For the birds levou o prêmio de melhor filme no Festival Anima Mundi em 2001 (tanto no Rio quanto em São Paulo!) e arrebatou o Oscar de melhor curta-metragem de animação, em 2002.

Jukebox: You're Beautiful

Música_You're Beautiful

Artista_James Blunt

James Blunt é inglês, tem 34 anos, canta e compõe músicas que misturam pop, rock e folk. Em 2005, tornou-se famoso com You're Beautiful, principal faixa de seu álbum de estréia: Back to Bedlam. Antes de ingressar na carreira musical, Blunt serviu como oficial da OTAN, na Guerra do Kosovo. Lá, ele conheceu o trabalho humanitário dos Médicos Sem Fronteiras. Desde então, Blunt apóia a ONG francesa.

Entre outras músicas, destaco, além de You're Beautiful (a qual, aposto, vocês já estão cansados de ouvir), os hits 1973, High e Same Mistake.

Uma curiosidade: existe uma versão de You're Beautiful em que Blunt faz uma leve alteração no trecho "She could see from my face that I was flying high" e canta: "She could see from my face that I was fucking high". Em alguns sites de letras de música, este último é o trecho original. Nas rádios, o bom moço inglês canta a primeira versão.

Duas sacaneadas: a primeira é que foi criada no Orkut - não tenho certeza se ainda está lá - uma comunidade com o título "James Blunt tem TOC*", fazendo referência à cena em que o cantor tira os objetos de seu bolso e os organiza obsessivamente um ao lado do outro, em meio à chuva fria e ao próprio desespero contido. A segunda vocês conferem abaixo. / * TOC = Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Crazybox_She was Beautiful... I swear

Teste: Quem assina?

Selecionei três comerciais que fizeram muito sucesso enquanto foram veiculados e destaquei um único frame de cada. Será que observando apenas um quadro você ainda é capaz de dizer quem é o anunciante? As empresas e agências responsáveis pelos filmes torcem por você.

Filme 1

Ano_2005 / Agência_AlmapBBDO

Filme 2

Ano_2004 / Agência_F/Nazca

Filme 3

Ano_2001 / Agência_W/Brasil

Em breve, o gabarito.

No ar: Serenata de Amor

Mais um comercial da série "Esse eu queria ter feito...". Um dos melhores filmes do ano é da W/Brasil para o bombom Serenata de Amor, da Garoto. Ele comprova aquilo que estamos cansados de ouvir nas escolas de comunicação: que o criativo deve ser bem-informado e curioso, aberto a todos os gêneros da arte e do conhecimento.

Aqui, saber um pouquinho de psicanálise serviu para a equipe da W criar um texto primoroso. Soma-se à ótima redação uma seleção/produção de imagens excelente e uma boa trilha. Está feito. O bombom não é o meu favorito, já o filme me agrada muito. Confiram:

Criação_Rynaldo Gondim e Guime Davidson / Diretor de Criação_Rui Branquinho / Produção_Film Planet / Trilha_Satélite

Post de boas-vindas

Sejam todos bem-vindos ao Blog do Pepê. A partir deste post em diante, vamos falar de propaganda. Mas se você não é do ramo, calma, não precisa sair fechando a página. O espaço é democrático: há um pouquinho de marketing, cinema, música, fotografia, artes plásticas, animação, sexo e - para quem gosta de assuntos mais sérios - falaremos também de futebol. Uma vez entendido que a pluralidade faz o bom criativo, vamos ao dever de casa. Abramos nossas cabeças e conheçamos um pouco de tudo.

Assim fica combinado: sempre que desejarem, apareçam. Será um prazer recebê-los.