quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Oppinião: Agassi e Venezuela


Eu gostaria de saber o que é que um cara como o Agassi ganha ao declarar em sua biografia que consumiu drogas. É impressionante, todo celeb quando decide escrever suas memórias confessa o uso de drogas em algum momento da vida. Por quê? Será que é ideia de editores insensatos? - "Precisamos de um capítulo bem polêmico, você deve ter alguma confissão cabeluda, diz aí". E é natural (ao menos para mim) que essa turma tenha experimentado, algum dia, qualquer substância ilícita. Mas que se dane! Ele não precisa colocar isto em um livro. Principalmente por se tratar de um atleta que, com sua performance em quadra e inúmeros títulos, inspira as novas - e nem tão novas assim - gerações de tenistas e esportistas em geral. Esse cara não tem ideia da irresponsabilidade de sua declaração (gratuita!). Ele não venderia menos livros se a omitisse. Atletas, músicos, atores, apresentadores de TV e qualquer outro ícone cultural, se liguem: confessar o uso de drogas em biografias não é cool! Pode ser legal usar (eu nunca experimentei), mas dizer que usou, assim, gratuitamente, para fãs e leitores, é "perder a linha, sacou?", "é ser sem noção total...".

Decepção. É esta a palavra para Andre Agassi - não por ter consumido metanfetamina ou cristal ou o bagulho que for, mas por não ter guardado isto com ele para sempre. Por um acaso o uso da droga foi providencial para um grande feito histórico? Não? Então, por qué no te callas?


E parafraseando o Rei da Espanha no episódio emblemático com Hugo Chávez, aproveito para falar de Venezuela e Mercosul. O Brasil decide hoje se nuestros hermanos rojos merecem fazer parte do bloco de livre-comércio da América do Sul. E a decisão deve ser favorável ao ingresso venezuelano. Muitos discordam e usam como argumento o desrespeito a um princípio básico: países cujas políticas sociais ferem valores democráticos e direitos humanos são proibidos de ingressar. E a Venezuela, todos sabem, já deixou de ser uma democracia faz tempo. E aí, isolá-la ou trazê-la para a roda?

Não me simpatizo com Chávez (para se usar de um baita eufemismo), mas pensando de uma forma geral - e não simplesmente no caso Mercosul -, isolar a Venezuela não fará as coisas melhorarem. Em primeiro lugar porque ela já não anda sozinha: Bolívia e Equador completam o trio "clarividente" da América Latina. E depois porque a melhor forma de fazer alguém mudar (de comportamento) é colocá-lo em contato com outra galera que pensa diferente (este não é exatamente o caso dos países do Mercosul, ok). Em resumo é isto: isolar só fortalece o isolado, nunca o enfraquece. Vejam os exemplos da Alemanha pós 1ª Guerra e de Cuba de Fidel. Quando dizemos a uma pessoa: "Ninguém gosta de você! Ou você muda seu jeito de ser ou nunca terá amigos", ela responde: "Dane-se, eu não preciso de vocês", e acaba por encerrar-se ainda mais em suas convicções toscas. Portanto, preparem o estoque de Lexotan e chamem a Venezuela para a roda!

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