Sábado passado, entrei na Travessa do BarraShopping para comprar um presente para meu pai. Eu seria capaz de passar uma tarde inteira naquela loja. No meio do mar de capas, me apareceu a do novo livro de Arden, que já tinha visto outras vezes e em todas, hesitado em levar. Dessa vez, num típico movimento de compra por impulso, joguei a mão sobre o pequeno livro e puxei. Enfim, comprava "Explicando Deus numa corrida de táxi".
Li em três dias, como o "Tudo o que você pensa", e achei-o bom. Não é melhor do que o primeiro, o que eu já esperava. Só não me surpreendeu. Suas ideias são as minhas - eu poderia ter escrito este livro, talvez não com a mesma habilidade. Destaco alguns trechos interessantes abaixo e, no fim, dou minha própria opinião. Discordo - parcialmente - do autor apenas na penúltima página, justamente quando ele responde o que é Deus.
Sei lá...
Por não conhecermos o sentido da vida, passamos grande parte do tempo em busca de respostas.
Não existem respostas. Nunca as encontraremos.
(...)
É o desconhecido que torna a vida tão enriquecedora.
Você não precisa de uma religião
No livro A vida de Pi, um garoto indiano encontra três homens bons. Cada um tem uma fé diferente.
Cada um, por sua vez, lhe explica sua religião.
Todas são igualmente válidas, e ele não sabe qual escolher.
Então, ele não escolhe.
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Pensamento do dia de domingo
Hindus não comem vacas.
Anglicanos comem carne aos domingos.
O pecado de um homem é o rosbife do outro.
Briga de palavras
(...)
Houve tantas guerras em nome da religião simplesmente porque as pessoas falam línguas diferentes.
As religiões são formas distintas de dizer a mesma coisa. Mas a ouvimos de maneiras diferentes porque falamos línguas diferentes.
Brigamos com nossos vizinhos porque não os entendemos, não por discordarmos deles.
Uma construção para a paz
Se, em vez de demonstrar força com gastos de bilhões em armamentos, o Ocidente construísse uma mesquita no Marco Zero [lugar onde ficavam as torres do WTC], isso seria um símbolo notável de nossa compreensão do ponto de vista islâmico.
Seria um grande passo para a paz mundial.
Você pode acreditar em Deus sem ser religioso
Acreditar em Deus não faz de você uma pessoa religiosa.
Faz de você uma pessoa espiritualizada.
(...)
Uma pessoa religiosa é alguém que acredita numa Igreja, e (religiosamente) cumpre os ritos e as cerimônias determinados por sua Igreja.
No fim, Arden faz a pergunta: "Então, existe mesmo um Deus?". Para responder, ele conta a vez em que passeava com um amigo enquanto o sol se punha. Os dois pararam para admirar o belo crepúsculo. O amigo lhe disse que aquele cenário não era truque de luz, acidente ou mero acaso. Se você acha que é um acaso, não importa. Acaso, destino, evolução, criação, todas estas palavras seriam usadas para descrever a mesma coisa: "a existência de Deus".
Ele conclui:
Deus é o nome da força por trás da criação.
Não sei. Prometo repensar esta ideia, mas eu não colocaria as coisas nestes termos. Ora, dizer que Deus está POR TRÁS é dizer o que todo mundo diz há muito tempo. Não há nada de novo aí. É manter a ideia de um Ser misterioso, que mexe as suas peças em algum lugar secreto, intangível. A meu ver, Ele não é "aquilo" que cria, Ele É O CRIADO: Deus é o crepúsculo, Deus é um casal de velhinhos dando um beijo cinematográfico à beira da praia (como vi uma vez), Deus é o piquenique com os amigos numa tarde de sol. Há uma grande diferença.
Um dia, quem sabe, escrevo meus próprios pensamentos. Atualmente, sou apenas o motorista do táxi.
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Leitura recomendada!
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