quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Marketing: Preço sugerido goela abaixo

Está na tampa do Guaraná Antarctica, versão caçulinha, para quem quiser ver: preço sugerido, R$ 0,99.
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O fabricante, vale lembrar, vende à loja de varejo seus produtos, recebe por eles e deixa de ter qualquer poder sobre o preço que o produto receberá na gôndola. O dono da garrafinha de guaraná é o supermercado que, é claro, pode atribuir ao produto o preço que achar mais adequado a seus interesses.
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A falta de poder sobre o preço gera certo incômodo nos fabricantes - ora, tudo que a Antarctica quer é que o seu caçulinha venda mais do que o caçulinha da Coca, levando o varejista a recomprar o seu produto. Imagine, então, o que é ter que vencer o concorrente (ao seu lado na gôndola) sem ter o poder de mexer no preço da sua própria marca? Por essas e outras, é natural a prática de sugerir preços: fabricantes dizem aos supermercados quanto eles devem cobrar. A recomendação geralmente acontece nos bastidores. Esta é a primeira vez que vejo (não significa que nunca havia sido feito anteriormente) uma marca estampar o preço sugerido na embalagem do produto, logo na tampa, para que qualquer cliente possa ver. Isto porque com relação à embalagem e ao rótulo da mercadoria, a falta de ingerência é do varejista.
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Imaginem: nesta situação, que supermercado venderia o caçulinha por mais de 99 centavos? Quem da empresa vai explicar ao cliente (quando ele for reclamar) a relação fabricante-varejista, e fazê-lo entender que aquele é o preço que o Guaraná Antarctica quer que o supermercado cobre, mas que, por outro lado, o supermercado deseja margens maiores!?... Quem teria a coragem e disposição de bancar esta saia justa? Eu confesso que não sei quanto o Zona Sul cobrou pela garrafinha da foto, mas posso apostar que foram 99 centavos.
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Pode até ser uma ação inteligente por parte do Guaraná Antarctica, mas de "sugerido" este preço não tem nada.

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