domingo, 30 de agosto de 2009

Tá na cara que é estatal!

Qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando se fala em empresa pública? Bons salários e estabilidade. Ok, pode ser. O emprego dos sonhos... Não sei, depende do sonho de cada um. Trabalhar pouco e ganhar muito. Não, já foi o tempo em que se trabalhava menos e se ganhava mais do que se trabalha e se ganha hoje. Ter um subalterno para tirar xerox e colocar açúcar no seu café. Ih, esquece, isso era nos anos dourados das estatais. Agora pense num destes focus groups para teste de imagem corporativa. A psicóloga simpática que conduz a atividade pergunta: "Para você, se a Eletrobrás fosse um animal, seria um elefante ou um coelho?", "E se fosse uma pessoa, seria um homem barrigudo de terno, gravata e bigode ou um garotão de calça xadrez e óculos Oakley?". Certamente as perguntas não viriam nesses termos - não seria tão 8 ou 80. Mas independente disso, a imagem que temos de nossas estatais são de empresas quadradonas e pouco criativas - ainda que para alguns sejam motivo de orgulho, o que não vem ao caso nesta discussão. A verdade é que para essa ideia muito contribui as marcas que as nossas grandes companhias possuem. Uma logo diz coisa pra caramba. A marca é a cara, a fisionomia; tão logo a vemos, já criamos uma ideia prévia. Normal, normalíssimo. É assim que acontece entre pessoas. E pensando nas marcas de nossas estatais, convenhamos, por que insistem em ser tão antipáticas? Observem: geralmente usam tipos básicos, pesados e duros (sem serifas*). Adotam a monocromia - ok, na melhor das hipóteses usam duas cores (combinando as três da bandeira nacional). São quadradas e possuem ícones formados por um arranjo de retas. Quantas retas! Uma arredondada nas pontas do quadrado da Petrobras já lhe daria um novo ar. Gosto da de Furnas, é a melhor das estatais. A da Eletrobrás é inteligente (o traço à esquerda forma um "E", o da direita um "B"), vá lá. Mas o que me dizer da marca dos Correios? Sem comentários. E da CVRD, antes de ser privatizada e ganhar uma cara nova? Aliás, depois que a Companhia Vale do Rio Doce deixou de ser estatal, virou Vale, somente. Muito mais simpático, não? Reparem como a marca ganhou curvas e sombras e o tipo ficou mais leve. O que não quer dizer que a solução é privatizar. A Light deixou de ser pública em 1996 e continua insossa e verde hospitalar. A da Caixa veio melhorando ao longo dos anos, ganhou um laranja simpático mas continua quadrada, com tipos pesados que nem o itálico consegue disfarçar, assim como da Petrobras. Mas por quê? Por que não se modernizam? Alguém arrisca um palpite? Não, né? Quem se importa se a tromba é feia, quando o elefante é rico e generoso para quem nele monta. *Nada contra os sans serifs, pelo contrário, são meus favoritos. O problema é quando se soma: um ícone abstrato formado por linhas retas, monocromia e uma fonte dura. Estes aspectos separadamente podem ser positivos, juntos se tornam entediantes.

3 comentários:

Rodrigo Cunha disse...

Bom post Pepê!
A Aura, nossa ex professora e minha atual diretora, tinha reparado nisso quando trabalhou na ampla. Aí ela desenvolveu uma nova logo na época. Já viu? É muito diferente das feias que você colocou aí!
Abraços!

Anônimo disse...
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Pedro Paulo de Moraes Lopes disse...

Sim Rodrigo. De fato, a logo da Ampla é bem melhor do que a anterior, qdo a empresa ainda era estatal. Mande lembranças a Aura!

Didini, quanto tempo! Saudades, amigo.

 
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