sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sobre o Tempo ou Que diabos é isso chamado "passado"?

Quem me conhece sabe que sou do time dos saudosistas. Não daqueles que reclamam do presente, acham que o futuro será desastroso e, metaforicamente, passam a vida sobre uma esteira rolante andando para trás, na tentativa de se chegar ao ponto de partida. Nunca o alcançam - e tampouco avançam. Morrem no meio, sem descobrir o que tem do outro lado.

Dou valor ao presente, procuro curti-lo da melhor maneira, vê-lo pela melhor lente, de forma que daqui a alguns anos este tempo (hoje) seja uma boa lembrança, merecedora, portanto, de algumas visitas (saudosas). Para se ter saudade de qualquer coisa, afinal, é preciso que ela nos marque positivamente. E acredito que somos nós quem construímos as marcas. Se trabalhamos bem sobre o tempo presente, não estamos mais do que construindo boas lembranças. Se trabalhamos mal, não sentiremos saudade e, invejosamente, julgaremos idiotas aqueles que a sentem.


Pato Fu: há, no mínimo, 15 anos.

Uma vez, ao me deparar com referências vivas de uma fase não tão distante da minha vida, me perguntei: que troço é esse que chamamos de passado? As coisas não passam. Elas permanecem nos mesmos lugares e horários, nós é que simplesmente deixamos de frequentá-las. Uma troca de rotinas. Passado é a rotina que não cumprimos mais, mas que ainda existe. Pode ser? Sei lá se alguém já escreveu o que vou dizer, só sei que depois da última quarta-feira, a reflexão me voltou à cabeça e conclui que o tempo não deve ser entendido como uma linha reta (ou como a esteira lá de cima). É equivocado. A linha sugere que o que ficou para trás está longe, cada vez mais longe à medida que se somam os dias. Não! O tempo é como uma rede de pesca ou do gol. Com nós e linhas. Tudo se cruza em um mesmo plano. Pode ser? rs

Na última 4a, após passar por uma entrevista de emprego (coisa do presente e futuro), visitei o meu antigo curso de inglês, que fica ao lado da empresa. Está quase tudo como estava há cinco anos, quando saí de lá. As mesmas funcionárias na secretaria e as mesmas professoras (perguntei por duas, em especial). Só para não bancar o náufrago que volta à civilização décadas depois e encara suas referências com um sorriso infantil, perguntei à secretária sobre cursos de conversação. Ela me mostrou um folder, falou de preços e horários. Depois me levou até a biblioteca e me mostrou a reforma que haviam feito (é, eu devia estar com muita cara de náufrago reinserido mesmo). Agradeci e saí.

A caminho do ponto de ônibus, passei por dentro de um shopping onde funciona o colégio em que estudei de 1994 a 2000. A turma estava na hora do recreio. No "pátio" indoor cruzei com jovens na faixa dos 17 e um coroa de sei lá quantos anos: Seu Carlos, o inspetor. Seu Carlos encarna com perfeição a figura daquele inspetor boa praça, sempre homenageado na formatura. Passei por ele sem parar, observei-o de relance e segui, sem virar a cara. Em 94, eu entrei para a 2a série e Seu Carlos já estava lá.

À noite, no curso de pós-graduação, o professor de Finanças para Executivos de Marketing (é esse o nome da disciplina, para deixar tudo ainda mais paradoxal) nos conduzia com cuidado pelas teclas da calculadora financeira, ao mesmo tempo que relembrava conceitos matemáticos básicos como equações linear e exponencial, do 1º e do 2º grau. Quando me bateu a fome, saquei da mochila um pacote de Chocolícia... Chega! Não preciso dizer mais nada! =p Fecha o pano, mas a pergunta permanece.

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