terça-feira, 10 de março de 2009

Nada se cria, tudo se copia

O título deste post não é uma crítica, uma constatação desanimadora, nada disso! Tomo o clichê emprestado para falar de referências. Assim como nas artes, a publicidade e seus mestres vivem falando na tal da referência. Aliás, acho até que falam demais. Porém, beber na fonte de antigos artistas e suas obras, seja em qualquer campo da produção cultural é, de fato, muito importante. Não é à toa que se martela tanto na cabeça dos novatos: é preciso ter referências. Ouvimos durante toda a vida acadêmica - e no início da vida profissional - o mesmo sermão: "vá ao cinema, ao teatro, a exposições de arte, a shows, ouça mais música, veja TV, os comerciais e os programas, leia revistas, consuma propaganda, design, histórias". Se todos os sermões fossem assim, convenhamos, pediríamos para nascer com mais ouvidos.
Elas são o combustível, são aquilo que formam nosso repertório. Somos uma caixa vazia ao nascer, a partir daí, tudo o que assistimos, lemos e ouvimos são como pequenas peças de lego que vamos guardando nesta caixa. Assim, quando nos pedem uma campanha, um texto, uma ideia de layout, reviramos a caixa e montamos o nosso "original" com as peças que a gente guardou durante todos estes anos. A inspiração pode ficar mais ou menos evidente. Abaixo, temos três trabalhos publicitários que estão no ar e suas prováveis referências, na minha opinião.
1.
Esse gordinho aí não parece alguém que você viu no intervalo do Big Brother? O cara da foto é o maestral Jim Broadbent interpretando Ziedler, o host do Moulin Rouge, no filme de Baz Luhrmann, quem não se lembra? Mas você pode encontrar um cara muito parecido com ele em cartazes espalhados pelas ruas anunciando uma promoção de recarga de telefone celular. É a campanha da Vivo criada pela DPZ. Acesse o site da promoção e tire a prova.
2.
Este filme já está no ar, apresenta a coleção outono/inverno da C&A com modelos desfilando em um cenário inebriante, um jogo de escadas que busca confundir, iludir nossos olhos. E a música não poderia ser mais sugestiva: "Don't let me be misunderstood". A referência aqui é clara e os criadores não escondem que beberam na fonte de Escher (1898 - 1972). Certamente você já viu os desenhos deste artista holandês. Eis um exemplo:
3.
Este filme foi criado pela Goodby, Silverstein and Partners com produção da Nexus para a operadora americana Comcast. A campanha chama-se Dream Big e seus filmes em perspectiva isométrica 3D/2D falam das vantagens do pacote Triple Play (TV, internet e telefone). Os personagens caminham pela cidade enquanto "cantam" tudo aquilo de que podem usufruir os assinantes do pacote.
O filme lembra uma das sequências de Juno, com Ellen Page andando pela cidade - neste caso, a atriz não canta, limita-se a beber o galão de suco de laranja.

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