segunda-feira, 30 de março de 2009

O próximo 'fracasso' das 7

Não sei se vocês costumam entrar no UOL. Quem lê a primeira página do portal paulista (do Grupo Folha), encontra com frequência notas mais ou menos assim: Nova novela das 6 tem a pior audiência da história, Primeiro capítulo de novela das 8 tem audiência inferior a do folhetim anterior, ou ainda Ibope: nova novela das 7 fica abaixo da média do horário. Aconteceu com Paraíso, com Negócio da China, com A Favorita e provavelmente acontecerá com Caras e Bocas, o novo "fracasso" das 7 que estreia em abril.
O que isso significa? Que ultimamente a Globo só tem produzido porcaria, ou que os brasileiros não gostam mais deste tipo de atração, ou que é tudo mentira e intriga da oposição paulista? Na realidade, as 3 alternativas são falsas. Os novos folhetins são tão 'bons' quanto os antigos e os brasileiros ainda os amam. Mas, ainda assim, aposto que o próximo lançamento baterá o recorde negativo da sua "faixa de horário". Por quê? A explicação mais surrada diz que a culpa é da internet e da TV a cabo. Faz sentido, ou não seria a mais surrada.
Em 1985, não se tinha muito mais o que fazer a não ser assistir a Roque Santeiro. Não sei se Roque Santeiro era tão melhor que Caminho das Índias, sei que estou escrevendo este post na hora da novela e minha TV está desligada. Os sucessivos fracassos de audiência da televisão não devem ser traduzido como "os programas são uma merda", mas como "não tô a fim de ver este programa agora, estou gravando e depois assisto", ou "depois baixo na internet e assisto", ou "não assisto porque não conheço, estou entretido com os mais de 200 canais da minha TV a cabo". Há ainda "ih, sempre esqueço de assistir, perco a hora no MSN ou no iTunes ou no YouTube". Se as aventuras da viúva Porcina e de sinhozinho Malta passassem hoje, provavelmente fariam o mesmo barulho que fez O Clone ou Senhora do Destino.
A reprise em outros canais (é o caso de Fantástico, Globo Esporte e Altas Horas, por exemplo), a gravação digital e a disponibilização de programas na internet impõem aos medidores de audiência uma revisão dos processos de aferição. Menos pessoas estão, provavelmente, assistindo às novelas, mas parte deste público ausente está no GNT, no Multishow ou no Telecine. Outra parte está na Globo.com (no próprio portal ou lendo as notícias pelo Twitter). Os números decadentes são simplesmente sinais de um novo tempo. A solução é se adaptar a ele enquanto esperamos a vinda de novos 'fracassos' globais de audiência.

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