quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2009-2010

Desejo a todos os meus amigos e leitores do blog um excelente Ano Novo. Que 2010 traga novos ares e bons posts para estas bandas da web. Obrigado pela companhia e vamos em frente!


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Marketing: Preço sugerido goela abaixo

Está na tampa do Guaraná Antarctica, versão caçulinha, para quem quiser ver: preço sugerido, R$ 0,99.
.
O fabricante, vale lembrar, vende à loja de varejo seus produtos, recebe por eles e deixa de ter qualquer poder sobre o preço que o produto receberá na gôndola. O dono da garrafinha de guaraná é o supermercado que, é claro, pode atribuir ao produto o preço que achar mais adequado a seus interesses.
.
A falta de poder sobre o preço gera certo incômodo nos fabricantes - ora, tudo que a Antarctica quer é que o seu caçulinha venda mais do que o caçulinha da Coca, levando o varejista a recomprar o seu produto. Imagine, então, o que é ter que vencer o concorrente (ao seu lado na gôndola) sem ter o poder de mexer no preço da sua própria marca? Por essas e outras, é natural a prática de sugerir preços: fabricantes dizem aos supermercados quanto eles devem cobrar. A recomendação geralmente acontece nos bastidores. Esta é a primeira vez que vejo (não significa que nunca havia sido feito anteriormente) uma marca estampar o preço sugerido na embalagem do produto, logo na tampa, para que qualquer cliente possa ver. Isto porque com relação à embalagem e ao rótulo da mercadoria, a falta de ingerência é do varejista.
.
Imaginem: nesta situação, que supermercado venderia o caçulinha por mais de 99 centavos? Quem da empresa vai explicar ao cliente (quando ele for reclamar) a relação fabricante-varejista, e fazê-lo entender que aquele é o preço que o Guaraná Antarctica quer que o supermercado cobre, mas que, por outro lado, o supermercado deseja margens maiores!?... Quem teria a coragem e disposição de bancar esta saia justa? Eu confesso que não sei quanto o Zona Sul cobrou pela garrafinha da foto, mas posso apostar que foram 99 centavos.
.
Pode até ser uma ação inteligente por parte do Guaraná Antarctica, mas de "sugerido" este preço não tem nada.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Retrospectiva 2009: Wilson Simonal x Michael Jackson


Quis o destino que Wilson Simonal e Michael Jackson virassem tema, no mesmo ano, de filmes-documentários. "Ninguém sabe o duro que dei" e "This is it", de longe, não têm nada em comum; mas, de perto, na minha opinião, servem de insumo para falarmos não apenas de música, mas de cultura e sociedade. Na verdade, só quero usá-los como gancho para fazer uma breve reflexão sobre uma qualidade ausente, de forma geral, entre os brasileiros, e que temos que adquiri-la de uma vez por todas se quisermos fazer bonito da próxima década em diante: o profissionalismo.

Antes que alguns se revoltem, digo logo: eu sou fã da voz e da música de Simonal. Mas talvez tenha faltado nele o que sobrou em Michael Jackson: a referida qualidade. Enquanto nós temos clara dificuldade de separar o pessoal do profissional, por razões inúmeras e históricas, os americanos, por sua vez, sabem como poucos fazer esta distinção.

Achamos graça quando contam que Simonal tinha total domínio da plateia, a ponto de sair do palco, ir ao salão anexo e pedir um drinque, enquanto a multidão sustentava a música, cantando sozinha e emocionada. Simona voltava dali a alguns minutos e retomava de onde o público estava. É legal, é engraçado, é genial. Concordo. Acontece que, meses depois, vejo Michael Jackson dizer a todo o seu staff de músicos e dançarinos algo do tipo: "Eu quero que o som saia exatamente como está no disco. Quero a música como no disco, como o público conhece" e depois, numa espécie de preleção com toda a equipe, à véspera de estrear sua turnê: "Estas pessoas querem ver um espetáculo inesquecível. Elas estão pagando para viver uma experiência única, que as afaste dos problemas de suas vidas. É isso que temos que fazer. Dar a elas uma experiência única".

E aí? Depois de assistir a MJ dedicar-se a cada verso como se preparasse para sua primeira apresentação na carreira, preocupar-se com cada som, passo, luz, efeito especial - tudo, absolutamente tudo, com um empenho de operário, não de estrela pop; depois de ter assistido a Michael Jackson trabalhando, aquela historinha do Wilson Simonal perdeu ligeiramente a graça.


Não vou entrar no mérito da intenção do diretor Kenny Ortega ou coisa que o valha. Não sei como era MJ em sua vida privada. Como profissional, ele era exemplo. As cenas de "This is it" me parecem sinceras. A escapadinha do palco de Simonal não tem nada de determinante na vida do cantor. Em si, trata-se de um episódio sem importância e simplesmente curioso. Mas o que ele pode revelar é o que de fato importa. Já disse neste blog o que penso sobre a história de Simona (reveja). No mais, é um retrato do brasileiro típico: talentoso e criativo - até mais do que o americano -, mas que não sabe usar corretamente sua capacidade para enriquecer, pelo simples fato de não saber servir e achar-se antes um superstar, quando deveria ver-se, neste caso, como músico ou cantor.

Estamos entrando em uma década fundamental para a transformação do Brasil. Eventos de grande porte como Copa do Mundo e Olimpíada mudam a cara do país. Mas de nada valerá as maquiagens urbanas - nada mesmo! - se não mudarmos a cabeça do povo.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

WWW = What a Wonderful World


No último sábado, minha irmã parecia mãe em sala de espera de hospital, aguardando ansiosa notícias sobre o estado de saúde do filho, na mesa de cirurgia. Seu iPod tinha deixado de ser reconhecido pelo iTunes. Resultado: ela não mais conseguia atualizar seu brinquedo com as novas músicas baixadas. Nesta história, o cirurgião era eu. E, no início, confesso que bati cabeça frente ao mistério. Meu iPod (uma versão mais moderna) tinha acesso ao iTunes. Por que o dela não teria?

Primeiro procedimento: o assopro. Peguei a extremidade do cabo USB que vai na base do aparelho e assoprei. Fiz o mesmo com o iPod. Reconectei e nada. Não, não tentei uma sacudida ou aquele tapinha milagroso. Me ocorreu, minutos depois, a solução. No início do mês eu havia feito a atualização do iTunes: do 8 para o 9. Era possível que a nova versão não reconhecesse os modelos mais antigos de iPod(vai entender!).


"Downgrade itunes" - digitei no Google. "Downgrade?", perguntou minha irmã. Expliquei o que era enquanto buscava, entre as referências que apareceram na página, a que me parecia a melhor. Clicamos sobre um vídeo, um garoto explicava em inglês o step by step. Seguimos suas indicações até o momento que descobrimos que elas só valiam para o Windows. Minha irmã achou graça do menino nos ensinando como fazer.

Voltamos aos resultados da busca do Google e entramos num chat. Lá encontramos mensagens de pessoas com o mesmo problema de minha irmã. Uma delas dizia "i'm sad...". Vivian gritou: "Viu? I'm sad também!", numa clara identificação com a usuária desconhecida.

Paramos sobre uma mensagem que dava o passo a passo para o downgrade. Antes de lê-la, decidi ir um pouco mais abaixo e logo tive a confirmação de que aquela era a melhor dica. Um dos recados posteriores começavam assim: "Gangsta Penguin... you are a genius!". All right, voltei ao Gangsta Penguin, segui seus passos, reinstalei a versão 8 e o iPod era novamente reconhecido. A cirurgia foi um sucesso. Vivian me abraçou e fez coro com outros usuários que, no mesmo fórum, criticavam a versão 9 do iTunes: "É uma porcaria mesmo!".
Mais tarde, naquele sábado, precisei dar um nó na minha gravata. YouTube. Aprendi a dar o nó simples (o que aparece acima é o semi-windsor) com um vídeo bem didático. Nos comentários, gente como eu postava palavras de agradecimento ao autor. Coisas do tipo: "Valeu, finalmente aprendi!", "Valeu, ajudou muito na minha formatura", "Só isso que eu precisava... Obrigado".

Neste dia comprovei o real significado do WWW.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Claquete: Foi dada a largada - Globo de Ouro já tem seus indicados

Se me pedirem para dizer algo sobre a lista dos indicados da HFPA ao Globo de Ouro 2010, o primeiro nome que me vem à cabeça é: Sandra Bullock. Sim, me surpreendi ao ver que a atriz tem duas indicações - por "A Proposta" e "The Blind Side". Vale dizer que foi uma surpresa agradável. Bullock nunca foi de figurar em listas de prêmios e, de repente, quando dava pinta de que já andava decadente, nos aparece em duas categorias. Ainda que não leve (e acho que não leva mesmo), é uma surpresa.

Ok, a propósito, Meryl Streep também recebeu duas indicações. Concorre à Melhor Atriz em Comédia por "Julie & Julia" e "It's Complicated". Tudo normal, né? Vocês poderiam dizer: "Tá, qual é a outra novidade além das aparições da Sandra?", ou "Quais são as quatro indicadas à melhor atriz, pois uma das vagas já é de Meryl". Desta vez, ela levou duas vagas e disputa contra ela mesma.

Porém, isto não é garantia de vitória. Sabem quem são suas concorrentes? Nada mais nada menos do que Marion Cotillard (a Piaf, por "Nine") e Julia Roberts (por "Duplicidade"), além de Bullock por "A Proposta". Aliás, devo dizer, Sandra Bullock está de fato muito bem em "A Proposta". Merecida indicação. Assim como é justa a indicação de Meryl "Julia Child" Streep.
 
Tô curioso para ver "Nine" só pela lista dos atores que concorrem ao GO: Marion Cotillard, Daniel Day-Lewis e Penélope Cruz. O elenco ainda conta com Judi Dench, Nicole Kidman e Sophia Loren. O diretor é Rob Marshall, de "Chicago". Tá bem de currículo, sem dúvida. "Nine" também disputa o prêmio de Melhor Filme Comédia/Musical contra "Julie & Julia", "It's Complicated", "Se Beber, Não Case" e "(500) Dias com Ela".

"(500) Dias com Ela" vem crescendo. Watch out! Está pintando mais um "Pequena Miss Sunshine"... Chega ao Oscar?

Anotem este título: "Precious", ou "Preciosa". Será um dos 10 filmes indicados à Melhor Filme no Oscar 2010. Isto mesmo, o Oscar 2010 terá dez indicados - mas isto é assunto para um outro (e indignado!) post.

George Clooney é o cara em Hollywood. "Amor sem Escalas" (Up In The Air) é o filme com o maior número de indicações ao GO 2010 - seis! - e deve aparecer no Top 10 do Oscar também.
 
"Bastardos Inglórios" é outro nome que vamos ouvir falar até o final da temporada de prêmios. E eu ainda não assisti... =p 4 indicações ao GO.

Indicados à Melhor Filme Dramático (é desta categoria que sai, tradicionalmente, o ganhador do Oscar): "Avatar", "The Hurt Locker", "Bastardos Inglórios", "Preciosa" e "Amor Sem Escalas".

Para terminar - por hoje -, uma pergunta: onde foi parar "Onde Vivem os Monstros"? Uma indicaçãozinha à Melhor Trilha Sonora e só. Ainda não assisti, mas já acho que merecia um pouco mais. Ok, deve ser um filme muito mais para as categorias técnicas do que para as principais. Como o GO não dá prêmio de Direção de Arte, Maquiagem e Efeitos Especiais, o filme de Spike Jonze deve vir com mais força no Oscar.

O Globo de Ouro acontece no dia 17 de janeiro de 2010. Conheça todos os indicados do cinema e da TV aqui. Até.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Design para quê? ou Por que mamãe grita tanto com vovó?

As novas gerações de designers industriais devem dedicar mais atenção a um segmento da população que, até hoje, é simplesmente ignorado pela tecnologia: os idosos. Como justificativa, pensem que a tendência é vivermos cada vez mais. Queiram ou não, o número de velhinhos vai aumentar, para tristeza da previdência social e alegria do rei, Roberto Carlos. Os grandes negócios deste séculos serão aqueles que se voltarem para a terceira idade.

Mas não é por este motivo que faço o apelo. A verdadeira razão é a seguinte: quase todos os dias escuto minha mãe se descabelando no telefone com minha avó. É sério, ela surta. Isto porque minha avó, com 83 anos e lúcida, apanha para falar no celular: ou ela se enrola com os botões, ou não ouve o que minha mãe fala do outro lado da linha. Surdez? Bullshit. Ela apenas não colocou o ouvido na altura correta.

Nada, porém, é mais desesperador do que o tal controle remoto da NET. Eu já perdi as contas das vezes que minha vó reclamou com minha mãe que a NET estava "fora do ar" ou "com problema", ou que ela não estava conseguindo mudar de canal. E lá vai minha mãe (às vezes sobra para mim e para minha irmã) até a casa da vovó para resolver o "problema" - porque, como já disse, é impraticável resolvê-lo por telefone. Ao chegarmos lá, eis que encontramos um porta-retrato em frente ao aparelho, bloqueando a transmissão do sinal. Empurramos o porta-retrato para o lado e, voilà, o controle volta a funcionar que é uma beleza. Rimos para não chorar. Com frequência, a culpa é simplesmente de um botão acionado involuntariamente ou não, cuja ação ela não sabe desfazer. E ainda há a porcaria do menu inicial, do qual ela, às vezes, não consegue sair. Minha mãe grita no telefone, repassa a lição pela ducentésima vez e minha avó, pobre, finge que entendeu só para não estressá-la mais.

O que fazemos? Para dar conforto e diversão a nossos velhos precisamos, antes, nos desgastar, enfiando-lhes goela abaixo regras de como usar que, por mais didáticos que sejamos, jamais irão entrar-lhes na cabeça. A não ser que, no passado, vovô ou vovó tenham exercido alguma atividade mais ligada às tecnologias "de ponta" da época e adquiriram, ao longo do tempo, a inteligência necessária para operá-las e se adequar mais facilmente às suas atualizações. Na maioria dos casos, entretanto, é tudo muito, mais muito entrópico para eles. Tudo evoluiu muito rapidamente e o processo os excluiu.
  Vovó consegue jogar Wii, mas não consegue mudar o canal da TV: como pode? Design.

Não tenho dúvidas de que a solução está na mão dos desenhistas industriais. Estes caras deveriam acordar todos os dias e repetir, antes mesmo de se levantarem da cama: "Menos é mais", "Seja intuitivo, seja intuitivo, seja intuitivo". Reparem no controle da NET: é botão demais. Minha avó não quer saber se sua TV tem mais de 200 canais. Ela assiste a no máximo 4! Diminuam o número de botões e aumentem o tamanho daqueles que restarem. Velhos não enxergam direito! Iconografia nem sempre é a melhor ideia. Se eu fosse desenhar o celular da minha avó, faria-o com duas teclas enormes: "Atender" e "Ligar para Hedu" (minha mãe). Pronto.

Definitivamente, da mesma forma que quando alguém não entende seu anúncio a culpa é sua, não do espectador (por mais idiota que ele seja), se nossos avós apanham da tecnologia, o problema está na tecnologia, não em nossos avós.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sobre livros & books: números do mercado editorial

Estou prestes a terminar meu primeiro romance, mas os números do mercado editorial brasileiro são pouco animadores se comparados com os do americano. Já estou pensando em contratar um tradutor para transformar A Garota do Parque em The Girl of the Park. A culpa, porém, não é só da tecnologia (já ouviram falar no Kindle, certo?). O problema está no hábito (ou na falta dele): o brasileiro lê pouco. Confiram alguns números:

95,5 MILHÕES (50%) de brasileiros leram algum livro em 2008. 43 MI deles (45%) não terminaram a leitura. 47,4 MI (49%) são estudantes que leram para a escola.

Leitores brasileiros compram 1,2 LIVROS por ano. Leitores americanos compram 6,7 LIVROS por ano.

Faturamento do mercado editorial americano em 2008: R$ 90 BI (pop. aprox.: 300 mi) Do brasileiro: R$ 3,3 BI (pop. aprox.: 190 mi)

Livros impressos nos States: 3 BI
Livros impressos no Brasil: 333 MI

Recorde! J. K. Rowling já vendeu 375 milhões de livros da saga "Harry Potter". J. K. ganha R$ 9 MILHÕES por semana em royalties.

Ela é a autora mais bem paga do mundo: R$ 500 MI por ano, seguida de:
2º James Patterson: R$ 85 MI (autor de suspenses como 1º a Morrer, Quando Sopra o Vento, etc.)
3º Stephen King: R$ 80 MI
4º Tom Clancy: R$ 60 MI (temas policiais, histórias de terroristas - americanos adoram...)
5º Danielle Steel: R$ 50 MI

Os autores estrangeiros mais traduzidos no Brasil:
Barbara Cartland, 360 edições
Agatha Christie, 315
Joseph Murphy, 245
Danielle Steel , 232
Sidney Sheldon, 214

Ao menos podemos nos orgulhar de ter o autor vivo mais traduzido no mundo. Uma bala para quem advinhar o nome da fera. Mole, né? 67 línguas para Paulo Coelho.

Dados extraídos da Superinteressante (ed. 272, dez/2009, p. 36)
 
eXTReMe Tracker