quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Claquete: Nomes e nomes 2

No dia 6 de novembro, eu revelei nesta seção que costumo pré-julgar um filme pelo seu título e seu cartaz. Não sou o único, todo mundo é capaz de torcer a boca para um título idiota e se perguntar "Será que um filme com este nome pode ser bom?". Para algumas pessoas, o nome (a chamada) e o cartaz (a arte) podem não exercer grande influência, para outras - esses publicitários implicantes -, porém, são elementos que contam. De qualquer maneira, todos nós somos impactados. Caso contrário não se gastariam horas de queimação de mufa e munheca na elaboração do título, do cartaz e também do trailer. Os marqueteiros sabem: tudo - absolutamente tudo - diz alguma coisa a respeito, para o bem ou para o mal, consciente ou inconscientemente. Todos os detalhes são vendedores e por isso são importantes.
Na semana em que Slumdog Millionaire foi batizado como "Quem quer ser um milionário?" escrevo aqui a continuação da coluna anterior ("Nomes e nomes 1"), prometida há mais de dois meses.
Se o responsável pelo título em português fosse fiel, o longa de Danny Boyle se chamaria "O Milionário Favelado". Para nossa sorte, ele não foi fiel. Mas poderia, digamos, ter sido mais feliz - entendem o por quê dos "implicantes" lá em cima? O termo "Slumdog" foi ignorado. No lugar de "favelado", eu sugeriria "improvável". Mas tudo bem, logo, logo a gente se acostuma a chamá-lo por este títulozão. Quem quer ser um milionário?, a propósito, é o nome do programa de TV do qual o personagem principal do filme participa. O que o nome tem de mais positivo, a meu ver, é ser comercialmente forte.
Do que não gosto é de "títulos brancos". Chamo assim os títulos que servem para uma penca de outros filmes, além do próprio. Geralmente são formados por um substantivo e um adjetivo ou locução adjetiva. Exemplo? Conduta de Risco (aquele com George Clooney, oscarizável de 2008): na boa, acho que todos ou quase todos os filmes de ação poderiam se chamar "Conduta de Risco". Filmes de ação, a propósito, são os campeões de títulos brancos: quantos filmes vocês conhecem com a palavra "fatal"? Trocentos. Vão até a locadora mais próxima e deem uma olhada: reparem, é um substantivo + fatal (adjetivo).
Também não me desce a mania que se tem aqui de deixar o título original e adicionar uma espécie de subtítulo em português. Para mim, ou um ou outro: ou opta somente pelo nome original ou lança sem ele. Os exemplos neste caso são inúmeros: "Closer - Perto Demais", "Moulin Rouge - Amor em Vermelho", "Crash - No Limite", "Sideways - Entre Umas e Outras". Esta turma é mesmo muito indecisa: em 1998 eles não sabiam se batiam o martelo para "O Show de Truman" ou "O Show da Vida". O que eles fizeram? Muito simples, lançaram "O Show de Truman - O Show da Vida". Na maioria das vezes, o (sub)título em português é bem melhor do que o título original. É o caso de "Closer" e "Sideways" - este último para mim é o pior de todos. O que é 'sideways' para o lusófono? Nada. 'Crash', em último caso, é uma onomatopeia, capaz de ser compreendida universalmente; mas 'sideways' não é nome próprio nem onomatopeia! Já "Perto Demais" é muito mais sonoro do que "Closer".
Não me estenderei. Juro que já estou até me acostumando em chamar Slumdog Millionaire de Quem quer ser um milionário?. Meu último apelo é para que lancem o filme antes do dia 22/02. E para os publicitários ou aspirantes a publicitários, uma dica: evitem usar títulos brancos em anúncios - ou não venham dizer depois que alguém os chupou*.
*"chupar" = plagiar, copiar toda ou parte da ideia.
 Título Branco: recorte na linha pontilhada e cole em outros 549 filmes.

Um comentário:

tima disse...

se não lançar antes vc baixa querido.. q nem eu fiz ^^
só tenho que arrumar a legenda agora

 
eXTReMe Tracker